Excessos de Intimidade
29/11/2012 20:05Do alto de seus óculos bifocais e de sua sabedoria septuagenária, minha finada avó já dizia: “dá dinheiro, mas não dá intimidade”. E não é que a velha tinha razão? Durante muitos aniversários, eu pedi encarecidamente, na hora de cortar o primeiro pedaço de bolo, um homem pra jogar na cama e chamar de meu, achando que era só bônus: sexo matinal, companhia para as solitárias tardes de domingo, um belo bofe para exibir para as encalhadas na festa de final de ano da firma… Até que veio o primeiro e, num passe de desencanto, desceu do cavalo branco quando peidou debaixo do cobertor pela primeira vez na vida. Afinal (e ainda bem), ele era humano – não, ainda não domino a arte emanuellística de seduzir extraterrestres.
Enquanto isso, você deve estar pensando: “se até a Sandy solta pum, qual o problema de o seu namorado também soltar?”. Nenhum. Absolutamente nenhum. O problema é que o amor cresce, a intimidade aumenta e o bom-senso, invariavelmente, diminui. Por isso, caros leitores, baseada em experiências que já tive e em outras que prefiro não colecionar, preparei uma lista fresquinha – em ambos os sentidos – de intimidades que poderiam ser evitadas. Pelo bem-estar dos relacionamentos e da humanidade.
1. Fazer cocô de porta aberta
Necessidades fisiológicas todos temos, e precisamos satisfazê-las – afinal, ainda não conheci ninguém que tenha nascido lacrado com uma rolha ou que domine a arte da sublimação. Porém, convenhamos, fazer cocô na frente do parceiro é um pouquinho demais e tem tudo para ser deveras desagradável. Já escrevia o poeta: cocô é que nem filho – você mal aguenta o seu próprio, quem dirá o dos os outros. Definitivamente, a privada é um trono do qual se deve desfrutar sozinho.
2. Deixar o cocô boiando na privada
A bexiga está quase explodindo, e você não vê a hora de fazer um xixi para aliviar. Eis que, quando abre a tampa da privada, se depara com um presentinho que só seria mais assustador se estivesse embrulhado com um lacinho. Além de olfativamente desagradável, o cocô não é algo esteticamente atraente. Por isso, antes de sair do banheiro, certifique-se de que o Alligator desceu pelo encanamento e foi ser feliz com os seus pares lá no esgoto da Praia Grande.
3. Arrancar os pelos com a pinça na frente dele
Tenho horror aos meus pelos – e para o meu completo desespero, sou uma mulher relativamente peluda. Vivo às voltas com depilações, clareamentos, pinças e tudo o mais que possa combater meus insistentes inimigos. Porém, esse é um dos momentos que, na minha humilde e suspeita opinião, deve ser resguardado à intimidade. Em primeiro lugar porque, dependendo da localização do pelo, as contorções corporais necessárias para viabilizar o abate podem ser um pouquinho constrangedoras. E depois porque o parceiro não precisa ver o cemitério de pelos que invariavelmente se forma quando, corajosamente, você os arranca um a um com a ajuda de uma pinça.
4. Espremer espinhas do parceiro
Pode até ser um nobre gesto de amor, afinal, é zelar pela boa aparência do outro. Mas o ato de espremer espinhas alheias até liberar o sebo me soa repugnante. Não tem jeito: sempre que vejo alguém trucidando uma acne me lembro de um episódio do Gordo Freak Show em que João Gordo coletava sebos de espinhas de toda a plateia para jogar em cima de uma pobre vítima – digno de causar náuseas, não? Sem contar que esse hábito pode ser a oportunidade perfeita para uma infecção.
5. Dividir a escova de dentes
Quem nunca, né? Eu já. E digo mais: carrego até hoje comigo uma escova de dentes laranja e de cerdas duras que roubei do meu ex-namorado há mais ou menos uns dois anos. Anti-higiênico, eu sei. Pode me chamar de porca. Mas até aí, quem disse que o sexo que você faz é limpinho?
6. Palitar os dentes
Há aí um lapso na linha evolutiva. Se já inventaram a escova de dentes, a pasta, o fio dental e o Listerine, pra quê palitar os dentes, meu deus? O fato é que esse hábito repugnante aparece, geralmente, na meia idade. Menininhos de vinte e poucos não se arriscam nessa escatologia – eu, pelo menos, nunca vi. Mas papai, que nunca foi disso, está criando o costume, para o desgosto de mamãe. Eu, como boa filha que sou, sempre trato de acalmá-la: seria pior se, além de tirar a sujeira do meio dos dentes com a ajuda do palito, ele comesse os restos que retirou do salão após o fim da festa.
7. Ouvir as intimidades sexuais dos sogros
Almoço de domingo, a família dela reunida, e você, que já é um membro por consideração, junta-se ao encontro. Papo vai, papo vem, os pais dela começam a recordar as peripécias realizadas entre lençóis na última viagem para os Lençóis Maranhenses. E tudo o que você quer fazer é abrir um buraco no chão para enfiar a cabeça, além de – é claro – evitar que sua mente fértil imagine a sogra nua e de quatro.
8. Compartilhar senhas de e-mails e de perfis em redes sociais
Não, isso não é prova de confiança – é brecha para boas e infundadas brigas. Toda mulher tem aquele amigo mais chegado, geralmente gay, por quem chama usando apelidos carinhosos e para quem manda mensagens por inbox dizendo que está com saudades. Numa dessas, até explicar que focinho de porco não é tomada, já se colocou o celular pra recarregar no nariz do porco, e o bichinho – pobrezinho – já morreu eletrocutado.
9. Largar a calcinha/ cueca suja em cima da pia
Como se não bastasse, com a secreção virada para cima. Tem gente que tem mestrado nisso. Ou orgulho de expor as freadas de bicicleta, ainda não compreendo bem.
10. Limpar os óculos na frente do parceiro
Não digo limpar as lentes na camiseta. Isso todo mundo faz, e condenar os infelizes míopes por cuidar da manutenção de seus olhos artificiais seria muita crueldade. Falo daquela limpeza mais caprichosa, que geralmente se faz aos domingos à tarde, com a ajuda de uma escovinha, de um cotonete e de um palito. Quem usa óculos, assim como eu, sabe que da armação de um óculos saem coisas de que até deus duvida. Armação ou armadilha?
Por: Bruna_grotti